Catequese | Espiritualidade de São Paulo

CATEQUESE ARQUEDIOCESANA

CARTA DE SÃO PAULO AOS FILIPENSES. Capítulo 2.

"Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comu­nhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros. Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. 

E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor. Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na vossa salvação com temor e tremor, não só como quando eu estava entre vós, mas muito mais agora na minha ausência. Porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar. Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a palavra da vida. Dessa forma, no dia de Cristo, sentirei alegria em não ter corrido em vão, em não ter trabalhado em vão. Ainda que tenha de derramar o meu sangue sobre o sacrifício em homenagem à vossa fé, eu me alegro e vos felicito. Vós outros, também, alegrai-vos e regozijai-vos comigo. Espero no Senhor Jesus enviar-vos dentro em breve Timóteo, para que me traga notícias vossas e eu me sinta reconfortado. 

Pois não há ninguém como ele, tão unido comigo em sentimento, que com tão sincera afeição se interesse por vós. Todos os demais buscam os próprios interesses e não os de Jesus Cristo. Quanto a ele, conheceis a sua inabalável fidelidade: tal como um filho ao pai, ele se dedica, comigo, a serviço do Evangelho. É ele que eu pretendo enviar-vos, logo que eu puder entrever o desfecho da minha causa. Aliás, confio no Senhor que também eu irei visitar-vos em breve. Julguei necessário enviar-vos nosso irmão Epafrodito, meu companheiro de labor e de lutas, que designastes para assistir-me em minhas necessidades. Ele estava com saudades de todos vós e visivelmente preocupado, por terdes tido notícia da sua doença. De fato esteve mal, às portas da morte! Mas Deus teve compaixão dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse aflição sobre aflição. Essa é a razão por que procurei enviá-lo antes, para que, vendo-o, novamente vos alegreis e eu também fique menos preocupado. 

Portanto, acolhei-o no Senhor com toda a alegria e tratai com grande estima homens assim. Porque foi pela causa de Cristo que esteve próximo da morte, e arriscou a própria vida, para prestar-me os serviços que vós não podíeis prestar em pessoa."

- Palavra do Senhor!

    Diletíssimos e amabilíssimos filhos, cabe a mim como pastor desta grei vos apacentar, tal qual um pastor às suas ovelhas. E faz parte de meu pastoreio trazer-lhes o Cristo Jesus aos vossos corações, para que, juntos, alcancemos a vida eterna numa vida em Sua Palavra.

    Quis trazer-lhes a espíritualidade de nosso Patrono, Baluarte e Padroeiro, São Paulo, o Apóstolo dos gentíos, por meio de sua Carta aos Filipenses, onde meditaremos agora o capítulo segundo desta sua Epístola.

'1 e 2': São Paulo, compreendendo seu papel na história da Criação, como São Francisco de Assis assim também reconheceu, se considera indigno de qualquer graça perante o Senhor, e com humildade se apresenta ante Ele, dando-nos exemplo. O Santo Apóstolo nos pede unidade de corpo e alma, numa só ação, como Igreja, o Corpo de Cristo.

'3 a 5': A humildade é o centro desta mensagem Paulina, ele vem apelar que reconheçamos-nos como 'húmus', que nos leva a ser 'humilis'. Humus remete-nos a terra rica em nutrientes, a terra que nutre, a terra saudável, a terra boa; a profunda espiritualidade de "ser pó" (Gn 2, 7); de ser nada sem Deus; literalmente o menor entre todos. Se de fato reconhecermos que somos pó, e tivermos confiança no Senhor, a caridade do Espírito Santo nos impulsionará a sermos humildades de coração. Tal humildade que nos leva ao serviço ao próximo; a amar o próximo como a nós mesmos (Mt 22, 39). O Cristo é o sinal perfeito da humildade, da caridade e do serviço, assim o fez quando nos lavou os pés (Jo 13).

'6 a 11': São Paulo reafirma o exemplo de humildade de Jesus Cristo, que é Deus, que se fez homem (Jo 1, 1-4) e que por nós, e para nossa salvação sofreu dores lancinantes e terríveis tribulações, até sua morte no madeiro na cruz (Mt 27). E por isto, venceu a morte, ressuscitou, subiu aos Céus e está sentado a Direita de Deus Pai, onde Reina sobre todo o Univerno por toda a Eternidade. E no dia elegido por Deus Pai, Cristo retornará glorioso e triunfante para resgatar a Sua Igreja, Sua Esposa, e levar com ele ao Reino Celeste por toda a Eternidade (Mt 25).

'12 a 14': Desta forma, Paulo nos pede para imitar a Cristo na obediência, na caridade sincera de coração, para que alcancemos a santidade plena perante o Senhor.

'15 e 16': Nos convida a sermos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5, 13-16), entre as pessoas feridas e machucadas pelo pecado e a ausência de Deus em suas vidas.

A todos que lerem esta catequese, invoco o Espírito Santo para que a semente da Palavra caia em vossos corações, e faça dos vossos corações terra boa e, enfim, sejamos convertidos e santificados como a Igreja Triunfante.

Dado em São Paulo, na Cúria Arquediocesana, ao dia vinte e quatro de julho do ano de dois mil e vinte e três de Nosso Senhor Jesus Cristo.

+ Mons. Gabriel Aloisius

Administrador Apostólico Arquediocesano
Presidente da Cúria Arquediocesana
Coordenador do Cléro Arquediocesano

Vigário-Geral Arquediocesano